Textos, contextos, momentos, sonhos e realidade. Blog criado para transcrever os posts que por algum motivo esquecemos de publicar na nossa vida.
P.S.: Baseado em fatos reais e/ou em fições.

sábado, 3 de julho de 2010

Imagem

A noite se desenhava cálida, morna, serena.
Se abrisse a janela àquela hora, ela sabia que sentiria tudo aquilo mais uma vez. Mesmo assim, ela gostava de olhar a sombra dos galhos finos da pitangueira que encobriam a lua nova. Aquilo formava um cenário de noites em que o frescor do ar parecia animar os navegantes por ali. Aquela imagem formava uma fotografia incompleta, daquelas que seriam ideais com os possíveis outros sentidos.

Um dia ela soube que ouvir os outros e suas histórias fazia com que sua vida fosse uma concepção de todos aqueles personagens, juntos. Pertencer vagamente ao seu mundo tornava-a processante. Era como se fizesse parte de todas as realidades ao mesmo tempo, podendo compreender a tudo e a todos.
Não desejava nem amava ninguém. Como podia? Tinha uma especial admiração por cada um daqueles homens. Mais ou menos como acontecia com o Mundo, ela acreditava que se não amasse ninguém em especial, poderia sentir aquilo por todos, ao mesmo tempo.
É por isso que de alguma forma ou outra sempre se pegava caracterizando as pessoas que entravam em sua vida como faz o escritor com seus personagens. Às vezes, mais do que tudo, ela queria ser aprisionada por um eu - lírico; saber como ele enxergaria suas mágoas, suas ambições, e idealizá-la ou reprimi-la, ali, seria como voar para bem longe daquele lugar.
Ela não queria admitir. Tentei, então, entrar por ali, e acabei por tornar-me mais uma refém de suas histórias.
Via-se, assim, uma fingidora de suas qualidades e anseios, que serviam apenas para os momentos da emoção...

Um comentário:

Anônimo disse...

É incrível como consegues aprofundar-te tanto em poucas minuciosas linhas! Essa "crônica" (imagino) é particularmente boa. É uma prova de tu destroças a mesmisse de que os autores tanto temem. Continuas assim, com a maior frequencia que tua imaginação permitir!