Textos, contextos, momentos, sonhos e realidade. Blog criado para transcrever os posts que por algum motivo esquecemos de publicar na nossa vida.
P.S.: Baseado em fatos reais e/ou em fições.

domingo, 6 de junho de 2010

Continuação;

A mesma história de sempre -

Era fim de tarde. Minha face já sentia o frio da nova estação. Sei que àquela hora do dia eu já enxergava com certa dificuldade. Isso sempre acontecia quando algum sentimento interior encobria meus reais sentidos.

Eu me via dentro de um carro, percorrendo uma estrada que parecia me levar a lugar nenhum. Outros carros e outros veículos que emitiam luzes constantes, intensas e longínquas perpassavam pelo caminho. Estes, apesar de perceberem minha angústia, insistiam em me fazer fechar os olhos, como em uma espécie de instinto, de proteção. Meus ombros e, a partir deles, toda minha coluna pedia segurança, um desvio no qual eu pudesse me apoiar. Mesmo que já fosse tarde demais para aquelas percepções, agora eu podia notar minha tendência às coisas mornas; à normalidade.
A atmosfera era de uma composição tão úmida que, juntamente com o calor dos automóveis, tornava os passageiros capazes de comporem suas histórias em apenas alguns segundos. A vida, no entanto, passava pela roda gigante das palavras costuradas uma a uma.
Era difícil constatar, tanto quanto era doloroso admitir; mas não existiam mais ideias, e a inspiração agora era somente mais um obstáculo a ser rompido.

Como no dia em que a música havia me substituído, procurei por toda parte minha memória.
Andei por todas as estradas que eu avistava no momento, mas não encontrei aquele desvio ao qual tanto almejava. Então busquei por outras pontes. Outras fontes me conduziram ao veículo mais seguro naquele momento; mas já era tarde demais. As luzes ofuscantes e vultosas me forçavam a fechar os olhos mais uma vez.

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